quarta-feira, 25 de julho de 2018

Resenha: O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude - Mackenzi Lee

Título: O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude
Título Original: The Gentleman's Guide to Vice and Virtue
Autoras: Mackenzie Lee
Editora: Galera Record
Páginas: 434
Ano: 2018
Skoob: O Guia do Cavalheiro
Compre: Saraiva
Avaliação: ★★★★

Sinopse: Henry 'Monty' Montague nasceu e foi criado para ser um cavalheiro, mas nunca foi domado. Os melhores internatos da Inglaterra e a constante desaprovação do pai não conseguiram conter nenhuma das suas paixões – jogos de azar, álcool e dividir a cama com mulheres e homens.
Mas agora sua busca constante por uma vida cheia de prazeres e vícios está em risco. O pai quer que ele tome conta dos negócios da família. Mas antes Monty vai partir em seu Grand Tour pela Europa, com a irmã mais nova, Felicity, e o melhor amigo, Percy – por quem ele mantém uma paixão inconsequente e impossível.
Monty decide fazer desta última escapada uma festa hedonista e flertar com Percy de Paris a Roma. Mas quando uma de suas decisões imprudentes transforma a viagem em uma angustiante caçada através da Europa, isso faz com que ele questione tudo o que conhece, incluindo sua relação com o garoto que ele adora.

Review: The Gentleman's Guide to Vice and Virtue foi uma das minhas leituras favoritas de 2017, e vocês não imaginam a minha felicidade que esse livro super fofo vai finalmente ser lançado aqui no Brasil em setembro pela Galera Record! Aproveitando que nesse final de semestre reli ele para fazer um trabalho para a faculdade, resolvi falar sobre esse livro super amorzinho pra vocês, porque ele é com certeza uma leitura obrigatória pra quem gosta de YAs, livros de época e romances LGBT+.

A história se passa no século 18, contando a história de Henry Montague, mais conhecido como Monty, herdeiro de um condado inglês que está prestes a embarcar na sua Grand Tour, uma viagem que os jovens da época faziam para conhecer o mundo antes de dominá-lo no parlamento inglês. Apesar de parecer ter uma vida perfeita, Monty enfrenta várias adversidades, a maior delas causada pela sua bissexualidade, que ele não tenta esconder da sociedade preconceituosa em que vive, o que faz ter um convívio muito difícil com seu pai.

Para a sorte de Percy, sua tia e seu tio o criaram. Sorte para mim também, ou então poderíamos nunca ter nos conhecidos, e então qual teria sido o ponto da vida?
Para Monty, a Grand Tour é sua última aventura antes de ter que voltar para casa e ser ensinado pelo pai a como comandar seu condado, e ter que viver sob regras rígidas, com ameaças ser deserdado a todo momento. É também sua última chance de passar tempo com seu melhor amigo, Percy, um negro filho de um aristocrata inglês que sofre muito preconceito, e por quem Monty tem uma paixão secreta. A Grand Tour dos dois deveria ser repleta de bebidas, apostas e noitadas para Monty, um último “hurrah” antes dele ter que assumir um papel que está sendo imposto para ele, e antes que Percy vá estudar direito na Holanda, mas seus planos vão por água a baixo quando seu pai contrata um tutor que  servirá para passar conhecimentos culturais que lhe deverão ser de grande valia, enquanto eles passam por Paris, Marseilles, onde deixarão a irmã mais nova de Monty, Felicity, em uma escola para moças, Veneza, Florença e Roma, acabando a Tour em Gênova ou Berlim.
A grande trágica história de amor de Percy e eu não é nem grandiosa, nem realmente uma história de amor, e só é trágica por sua unilateralidade. 

Porém, depois de uma grande confusão armada por Monty no Palácio de Versailles, que acaba com ele fugindo nu e com um objeto roubado, a Grand Tour deles é interrompida, e no caminho para Marseilles eles são atacados por um grupo de aparente saqueadores, o que coloca Monty, Percy e Felicity em fuga sem nenhum dinheiro, até descobrirem que o objeto roubado por Monty é a chave para uma panaceia que está sendo cobiçada por pessoas de má índole.
Talvez por um minuto inteiro, eu estou tão espantado que a única coisa que consigo pensar é Meu Deus, isso está realmente acontecendo. Percy está me beijando.
Na tentativa de salvar a panaceia das mãos errada, e para Monty também uma tentativa de tentar salvar Percy de uma doença que ele acabou de descobrir que o aflige, eles acabam indo parar em Barcelona, onde eles descobrem todos os planos que envolvem o objeto secreto, e acabam tendo que fugir escondidos em um barco para Veneza, onde a Panaceia está escondida, mas são raptados por um barco de piratas, formando por uma tripulação de ex-escravos sem permissão para navegar.
"Mesmo que não seja, você sabe, romântico," Felicity continua, "é difícil não ver. Vocês são o tipo de dupla que faz todos ao redor sentirem como se estivessem perdendo uma piada particular."

Em meio a todas essas situações Monty enfim começa a amadurecer, a entender como a posição privilegiada em que ele se encontra é totalmente diferente da de Percy por ele ser negro, da irmã por ser uma mulher interessada em medicina, e de tantas outras pessoas, e é visível o desenvolvimento do personagem ao longo dessa parte a história, além de no navio ele e Percy finalmente declararem os sentimentos um pelo outro. Mas não é por isso que seus problemas acabaram, e ao chegar em Veneza, os dois terão que enfrentar os vilões que os perseguem, a decisão sobre o que fazer com a panaceia e seus sentimentos um pelo outro na sociedade em que vivem.
"Eu pensei que você gostasse de mulheres também."
"Eu gosto, ás vezes. Mas isso não significa que eu não goste de Percy mais do que de qualquer outra pessoa."
Eu adorei como esse livro tem plot twist atrás de plot twist, até nas coisas que você menos  imagina possível, e trata de tantos assuntos sérios, como questão de gênero, LGBT+, racismo, doenças, tudo isso ainda sendo uma história engraçada e leve, e tendo todo um lado mítico e também histórico. É um livro bem grande, mas maravilhoso de ler, e além de um personagem principal forte que é o Monty, que evolui mais que um pokémon ao longo da história, temos também outros personagens fantásticos, como o Percy, que tem um contexto de vida ao mesmo tempo muito privilégiado e muito difícil, a Felicity, que é tão diva que esse ano, em outubro, está ganhando uma continuação só dela, The Lady's Guide to Petticoats and Piracy, além personagens menores mas muito complexos, como a filha do alquimista e o líder do navio de piratas.
"Não estamos cortejando o perigo", eu digo. "Flertando com ele, no máximo."
O livro é tão bom que vai ser adaptado para série de TV pelo mesmo diretor de Com Amor, Simon, e não poderia esperar uma notícia mais animadora que essa. O livro, pelo menos em sua versão em inglês, ainda trás um apêndice explicando como era as situações da política, das pessoas queer, das pessoas doentes, da cultura das Grand Tour, e muitas outras coisas no século 18, então além de uma história muito boa, ainda é uma boa leitura para saber realmente como era aquela época, e uma lição muito importante sobre assuntos que ainda são muito debatidos nos dias atuais.

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